23 outubro 2006

Domingo

Domingo

Ontem quando da despedida da tarde
pronunciei teu nome, pus no bolso alguns raios de crepúsculos
debruçados em meus ombros fatigados de viagem
e pus-me a colher os rastros de memória
perdidos na cidade.
Era vermelha, poucos azuis despontavam ao final da tarde.
Quase nenhum dera à luz a noite, muito havia a se esperar
Mesmo num instante ínfimo de umedecer de lábios e o toque das pálpebras
Uma vida inteira, muitas vidas, aliás, nasceram e jaziam.
Prescindia-se de muito tempo aos grandes acontecimentos.
Resolvi catar ventos que prenunciavam a chuva
Ter com a poeira em redemoinho revivida da terra
um colóquio de serenidade.
Indagar-lhe de quantos solos sua vida fora feita,
só para saber de quantas muitas vidas é feita uma terra ressurgida.
Não alcancei as marquises que protegem os transeuntes
na verdade me entreguei à chuva, permiti que ela de mim,
bani-se todas as algas marinhas e restos de embarcações
trazidas dos inúmeros naufrágios que sofri.
No caminho de volta contemplei em desatino poças, córregos e inundações.
A vida em constante encontro e desintegração. Tudo fora limpo, nascido para tornar a morrer
e o mundo é um constante sendo. E o que nele acontece a mim acomete num mesmo átimo de segundo, então desaparecera a linha fronteiriça que nos separa do resto do mundo.
E cá estou com as palavras, tendo sobrevivido à criação do domingo...
Mimetizo alguém neste instante brincando com estrelas que nos olha sorrindo.

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