07 fevereiro 2008

O Labirinto do Fauno: Fábula e Política em obra de arte



No último final de semana aluguei vários filmes para enfrentar a hibernação do carnaval e uma das melhores pedidas da época: Belém, sobretudo com chuva, cobertor e a companheira sempre perto ao alcance das mãos desejosas...bem, deixa pra lá. Vamos falar dos filmes. Como disse, aluguei vários, mas assiti repetidas vezes O Labirinto do Fauno de Guilhermo Del Toro, de 2006, Diretor Mexicano que só tive a oportunidade de conhecer agora essa grande obra de arte que para mim já se encontra no panteão dos grandes clássicos do cinema.



O Labirinto do Fauno é uma obra única de de fábula e política que conduz o espectador pela angústia da condição humana após "o mito da caverna" de Platão ou da "expulsão do paraíso". Em tempos de totalitarismo, como o do filme ou de globalização como de agora, em que é tão difícil falar em delicadeza, o Labirinto reafirma o humanismo e seu legado inalienável e exigente para nossa época e suas imagens por dias reiteram-se na memória tranzendo sempre um novo sentido às suas cenas pungentes e às nossas condutas diante do mundo e das gentes.



O Filme se passa na Espanha, durante a duríssima ditadura de Franco. Bem no interior do país, o cruel Capitão Vidal aguarda a chegada de sua mulher, que também é mãe da menina Ofélia, fruto de seu casamento anterior. Vidal e seu exército estão nesta região afastada da Espanha para caçar e acabar com um grupo de rebeldes que luta contra a ditadura. O Capitão também tem de se preocupar com sua esposa: ela agora está grávida de um filho seu, mas tem sérios problemas de saúde e tem de fazer repouso absoluto. No meio desse rolo todo é que está a garota Ofélia, de 13 anos, que vive aparentemente num mundo próprio, mas que está intrinsecamente ligado ao que se passa em seu dia a dia. Ser levemente avoada nem é a principal questão de Ofélia. O problema é que há um mundo inteiro, mágico, que só ela conhece e que lhe é apresentado por um Fauno. O ser fantástico - que inicialmente causa medo - explica que ela pertenceu a este lugar, que foi a princesa dali, e que pode voltar a ele se fizer três ações em um determinado tempo. E é aí que as coisas esquentam. Enquanto o Capitão Vidal toca o terror da maneira mais cruel e estúpida que uma ditadura é capaz, a menina tem de lidar com esta outra realidade e ainda cuidar de sua mãe. Tudo parece muito sofrido, mas com muito carisma e esperteza, a garota vai tentando fazer o que pode.


O que chama a atenção logo de cara em O Labirinto do Fauno é sua fotografia. No filme, o mundo em que vivemos é meio acinzentado e triste. O mundo exclusivo de Ofélia tem cores fortes e vários tons de vermelho e é repleto de seres assustadores. Há uma criatura que aparece nesse lugar que é um dos monstros mais horrorosos já criados na história do cinema. Para você ter uma idéia, esse monstrengo tem os olhos nas palmas das mãos.





Na direção de del Toro, tudo é muito bem cuidado. Os atores e figurinos são impecáveis, Ofélia é muito bem comandada além de ter talento e todos os confrontos são altamente bem desenhados, seja num mundo seja no outro. Dessa forma, há cenas de extrema violência e crueldade e também seqüências ternas e até poéticas mesmo. Assim, realidade e sonho se misturam de uma maneira incrível, onde fábula e política se encontram numa obra prima de delicadeza e magia.










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